A minha primeira relação romântica durou 16 anos. Conhecemo-nos quando tínhamos apenas 18 anos, e não fazíamos ideia do que estávamos a fazer.
Mas amávamo-nos, profundamente. Também éramos os melhores amigos.
No entanto, ao contrário do que tantas vezes nos dizem, isso não chega para uma relação plena (ou pelo menos funcional).
Éramos demasiado jovens, demasiado imaturos emocionalmente no início.
Quase todas as discussões começavam com algo mínimo e acabavam por escalar até que um de nós terminava com o outro.
Passados alguns dias, estávamos exaustos de estar zangados e voltávamos a ficar juntos.
Os anos passaram, as discussões continuaram, e os términos foram (quase) totalmente substituídos pelo silêncio, amuos ou comunicações dolorosas, que às vezes duravam semanas.
Transformei a maioria desses sentimentos em letras e canções.
Tocava suavemente a minha guitarra elétrica, noite dentro, porque não conseguia dormir — assombrada por aquilo que parecia uma situação impossível.
Cantava o que não conseguia dizer, muitas vezes enquanto chorava. A música era a minha fuga.
Transformei a maioria desses sentimentos em letras e canções.
Tocava suavemente a minha guitarra elétrica, noite dentro, porque não conseguia dormir — assombrada por aquilo que parecia uma situação impossível.
Cantava o que não conseguia dizer, muitas vezes enquanto chorava. A música era a minha fuga.
Lancei algumas dessas músicas (Passado Presente, Longe, Depressão, What Tha Hell, Time Stood Still), mas outras eram demasiado pesadas emocionalmente, portanto guardei-as para mim.
Quando a minha jornada de cura emocional começou, comecei a ver as coisas com mais clareza; e com essa clareza, percebi o que tinha de fazer.
Com a separação veio o luto; luto não só pelo fim da relação, mas também do meu lar, da cidade que foi a minha casa por 16 anos, o estúdio e local de trabalho construído de raíz, mas o luto mais duro de todos foi sem dúvida o luto pelo meu melhor amigo. Não poder falar com ele como de costume. E depois, vê-lo seguir em frente tão rápidamente, construir uma família, ser pai.
Mais uma vez, fiz o que faço melhor: transmutei essas emoções em música.
Eventualmente, comecei a sentir mais segurança no meu processo, e decidi não só partilhar algumas dessas composições como também reflecções sobre relações, crescimento pessoal e vida no geral no podcast "Reflections Of A (Slightly) Conscious Being". E com isso, tornou-se claro que o próximo passo seria um álbum com essas músicas.
Lutei com essa ideia durante algum tempo.
Algumas músicas estavam inacabadas, e outras carregavam mensagens com as quais já não me identificava.
Duvidei de mim mesma.
Deveria lançar canções tão dolorosas? Obrigar-me a terminá-las, a reviver uma dor que me é tão familiar e, ainda assim, tão difícil de suportar?
Depois, olhei à minha volta. Tantas pessoas presas nos mesmos padrões. A sentir as mesmas emoções que eu senti.
Pensei em como a música me ajudou a lidar com toda essa dor — não só a criar, mas também a ouvir canções de outros artistas, músicas que ressoavam com a dor que eu carregava por dentro.
E então senti-me egoísta.
Porque é que haveria de guardar estas canções só para mim? Sabendo que talvez, só talvez, uma delas possa ajudar alguém que esteja à procura de uma canção com a qual se identifique, com a qual possa chorar, ou cantar até que as lágrimas se transformem noutra coisa.
Este álbum é para todos eles — e, para ser honesta, é para todos nós.
Porque todos, em algum momento da vida, já nos sentimos não amados.
Todos já nos sentimos abandonados, traídos, excluídos, inadequados, insuficientes, partidos, imperfeitos, estúpidos, feios… e por aí fora.
Às vezes culpamos os outros por isso. Outras vezes, culpamo-nos a nós mesmos.
Eu não sou diferente.
Afinal, somos apenas humanos — e é exatamente disso que este álbum fala: das relações humanas.