Havia algo de especial nesta canção. Senti-o logo quando a lancei pela primeira vez, a 30 de março de 2020. Não era como as outras músicas da Sandra Bullet. No entanto, não consegui acertar-lhe bem. Lembro-me do desafio, de ter tentado ao máximo alcançar o som que imaginava. Acabei por ter de aceitar e fiquei-me por aquela primeira versão.
Agora, olhando para trás, é óbvio porquê: Time Stood Still nunca foi uma canção da Sandra Bullet. Mesmo sem eu saber (pelo menos conscientemente), havia outra voz a cantar. Alguém dentro de mim dizia-me que aquilo não era o caminho certo.
Sabes, antes de nascer a Sandra Bullet, já existia a Sandra Lourenço. Mas ela sempre se sentiu deslocada — alvo de bullying na escola, ignorada em casa, sempre a “miúda nova”, aquela que não se encaixava. E por isso, escondeu-se. Comprou roupas novas e construiu uma nova personalidade: confiante, orgulhosa, forte.
Aos poucos, esse lado dela começou a dominar tudo o que fazia. Mas havia quem ainda conseguisse ver a menina doce que existia dentro dela. De alguma forma, mesmo nos meus momentos mais escuros — especialmente nesses —, era essa menina que me amparava, que me acariciava, que me sorria.
E agora, chegou o momento de honrar essa menina. Aquela que sempre sonhou ser cantora. Deixei que fosse ela a tomar as decisões e, ao fazê-lo, ela assumiu Time Stood Still como sua. Foi a única canção já lançada que ela quis incluir no álbum porque, de certa forma, sempre lhe pertenceu.
Vês, a Sandra Lourenço canta com o coração aberto. E um coração aberto convida todos os sentimentos — e todos os lados de nós mesmos —, por isso vais reconhecer a Bullet aqui e ali, numa palavra ou numa nota. Ela será sempre uma parte de mim — um lado de força, determinação e poder —, mas nunca será tudo de mim.
Time Stood Still, disponível a 25 de abril de 2025. Faz já o pre-save!
7 thoughts on “Time Stood Still… Again”